DO INFERNO PARA ARUANDA

Passei pelo inferno. o diabo recebeu-me, deu as boas vindas, eu sorri meio amarelo, e entrei.eu tinha permissão para ficar apenas cinco minutos ali e depois eu teria que sair. ali eu vi uma porção de gente, agonizando e outras poucas sorrindo e divertindo-se seres verdadeiramente bizarros com corpos de feto humano e cabeças de animais, e vice versa. Haviam três torres de mais ou menos um metro de comprimento e em cima delas ficavam cães e as suas cabeças se dividiam em seis cabeças e seus pescoços eram serpentes era uma coisa bem difícil de explicar!

O diabo tentou me convidar para uma ceia, eu olhei o que serviam para os convidados e quase regurgitei, eram pedaços de uma carne que nunca vi, era esverdeado porem com traços e aparência de seres humanos e o odor era bem desagradável, eu, é claro, recusei.

Pedi licença ao dono do inferno e sai a vagar ali. em minha perna direita existia um relógio estranho era daqueles que a areia ia caindo era pequeno e ficava como um pendulo girando no contorno de minha canela e em espiral ate a altura do joelho.vou relatar algumas coisas que vi ali:

O céu aqui esta oscilando entre o violeta e o negro, troveja bastante e estes barulhos de trovoadas mistura-se ao som de gritos agoniados pedindo socorro, tem uma encruzilhada, sim, é uma rua normal como ai na terra, e nesta encruzilhada existem algumas cruzes onde alguns seres que são conhecidos como exus passam de vez em quando para ajudar algumas almas desgraçadas a saírem deste imundo lugar, eles aparecem e os seres mais inferiores fogem e é ai que eles soltam um tipo de pó branco que se espalha pelo ambiente e envolve o sofredor e este começa a sumir, neste território há velas, velas estranhas feitas com algum material que desconheço, elas apagadas aparentam estarem queimando é bem difícil de explicar este processo.

Uma moça linda, loira de olhos azuis aparece ao meu lado e eu me arrepio todo sinto uma energia muito forte e fico hipnotizado pela sua beleza, eu pergunto quem é ela e ela responde Maria, apenas Maria das almas, e sinto o relógio começar a aquecer as minhas pernas e meu corpo também começa a aquecer, e ela disse assim:

Moço eu te levarei de volta, pois o povo La na terra precisa saber que nós não somos demônios como muitos pensam nos somos exus femininos e exus masculinos e assim como vocês lá no outro plano, estamos sob a bandeira do bem, auxiliando e sendo auxiliado na estrada da evolução, e que, tudo o que acontece em qualquer mundo, em qualquer atmosfera sempre terá uma razão e uma explicação, sempre existirá uma lei de causa e efeito, e um pormenor de merecimento.

Eu resolvo interromper a conversa, pois não estava mais aguentando a dor do fogo que parecia (mesmo que invisível) parecia me consumir da cintura para baixo, ela a tal Maria, chamou um ser que não parecia com humano ele era muito alto, usava um tipo de uma capa com um gorro grudado que só apareciam os ossos de uma de suas mãos segurando uma foice enorme e no cabo desta foice tinha um relógio igual ao que eu usava na perna ele logo depois se identificou como Tatá Caveira, chamou-me de filho e deparei-me com uma paz enorme e uma segurança impressionante, neste meio tempo o demônio estava atrás de mim rindo e dizendo que eu havia morrido dormindo, pois meu tempo acabara e agora eu era eternamente daquele lugar horrendo, eu me desesperei, e nisso, este Tatá Caveira que havia me passado aquela segurança, ordenou ao demônio que abrisse os portões e ele iria passar comigo queira ou não queira, o demônio recusou-se e esta tal Maria das almas pôs-se em frente ao demônio dando uma enorme gargalhada o tatá caveira jogou o tal pó branco e me vi levitando parecia que eu estava sendo abraçado por minha mãe biológica na hora de um perigo iminente, e vi grades (pareciam teias de aranha) brancas em forma de escadas onde me segurei e mais tarde foi-me explicado que eram redes fluídicas, e a partir daí dormi e não lembro mais de nada.

Quando acordei estava em um lugar, um campo enorme, e ali tinha uma casa feita de paus, como se fossem os galpões de CTG, a brisa era agradável e sacudia as cortinas brancas das janelas sem vidros nem venezianas, o telhado era feito aparentemente de palhas de coqueiros, eu estava distante desta casa enorme, e em um segundo eu já estava dentro, ali eu fui recebido por um negro, muito velho que se identificou como Pai Joaquim me disse que eu estava em Aruanda e disse para eu aproveitar toda aquela energia que o pai oxalá estava me dando o prazer de desfrutar, eu agradeci, senti-me bem naquele lugar, comecei a caminhar pelos cômodos daquela enorme casa campeira.

Em um dos cômodos eu vi um homem com roupas verde e encarnada recebendo de um tipo de forno vazio, um buraco, tigelas pequenas feitas de argila cheias de coisas estranhas e em uma eu vi ate ratos, ele pegava, ele limpava, e devolvia-as com algo dentro que brilhava e saia um vapor lindo.

Passei aquele cômodo e no outro, tinha uma entidade com duas cabeças que fazia um tipo de reunião ali e eu sabia que existiam muitos seres ali, eu apenas sentia as presenças porem não os via.

Neste momento, uma senhora bem velha e negra deu-me arruda nas mãos e disse;

De quem mais sabe mais será cobrado, e pagamos cada centavo do que devemos, e recebemos cada centavo que nos é devido, o universo é lei e Deus é a união disso tudo. vá e faça o certo, diga ao mundo pelo sangue de Cristo, e abraçada por ele!

Eu dormi com o cheiro daquela arruda,

E acordei em minha cama.

Agradeci a Deus por tudo que eu tenho, e por tudo aquilo que ele não me deu, pois se não me deu, é porque eu não mereci, ou não me faria feliz.

Autor: Desconhecido